Simplicidade, porém, é mais que desapegar de coisas. Se fosse só isso, seria fácil.
Acima de tudo, uma vida simples depende de ter uma alma mais simples. Adianta muito pouco fazer faxinas permanentes e desapegar, se os sentimentos e pensamentos continuarem entulhados e o querer humano for o grande condutor da vida.
Podemos começar desapegando de planos, ideias, formas de controle e listas que tornamos imperativos que só nós enxergamos.
Existe, ainda, nosso orgulho.
É o orgulho que nos impede de abandonar esquemas complicados de vida e manter o que nos afoga e sufoca, nos deixando longe da vida leve que tanto sonhamos.
Pode ser que seu conjunto extra de panelas simbolize o seu orgulho por tê-lo comprado mais barato. Pode ser que aquele curso de neurolinguística nunca tenha sido essencial à sua formação humana, representando um item pouco relevante em seu currículo. Pode ser que a casa cheia de objetos signifique um ícone de vaidade frente a seus parentes.
E assim, a simplicidade ganha outras conotações: voltar a ser simples, para quem adotou uma vida complicada demais pode significar abrir mão de muitas coisas e depositar sua confiança em Deus e seu foco nas relações e nos sonhos e não nas coisas.
Eis a pergunta: o que Deus está dizendo a seu coração sobre o essencial em sua vida? É possível que seja algo que só você consegue perceber e que muitos outros venham a considerar loucura - como abrir mão de um posicionamento ou de uma relação tóxica. Talvez você conclua que assumiu para si responsabilidades que não eram suas e até mesmo formas de lazer que não o divertem mais.
Alguns passos simples podem ajudar:
- Separe um tempo para pensar e avaliar sua vida. Vá anotando, fazendo uma lista de coisas que trazem peso e cujo significado seja limitado.
- Ore sobre isso. Escolha um lugar tranquilo e abra seu coração de forma natural. Peça a Deus que, em sua sabedoria, assuma o controle de sua vida, já que deseja um cotidiano mais simples e de significado mais profundo. Reconheça que, se você soubesse como fazer isso, já o teria feito.
- Espere alguns dias e esteja atento às respostas interiores e sinais externos de que as coisas estão acontecendo ou sinalizando a mudança.
- Verifique se vem guardando, ao longo do tempo, objetos e papéis que não tem real valor para você e sua família e que representam mais uma obrigação ou um medo de desapegar de uma fase que passou. Sonde seus armários e guarda-roupas em busca de tudo o que não use, não ouça, não veja e não aprecie na atualidade. Decida o que vale mais para você: coisas como um aparelho com manual de instruções complicado ou a liberdade de alugar quando precisar desse mesmo aparelho.
- Analise suas relações e garanta que não esteja mantendo lealdade a círculos que se tornaram viciosos e que não fazem mais sentido para ambas as partes. Muitas vezes não é uma questão de abandonar pessoas, mas de dar mais tempo e espaço aos relacionamentos corretos.
- Tome coragem para trocar de estilo, de casa, de carro se isso representar mais paz interior e finanças equilibradas para você e sua família.
- Estude sobre as vidas de pessoas que encontraram conforto na simplicidade e procure perceber do que abriram mão por uma felicidade maior.
- Defina uma escolha de simplicidade por vez. Uma vida mais simples é uma espécie de conquista artesanal que leva algum tempo.
Ao passar em revista sua vida poderá perceber, por exemplo, que tem deixado de visitar amigos preciosos para dedicar tempo a redes sociais; que nunca mais cozinhou pratos que ama porque espera comprar ingredientes caros e fora do seu alcance. Poderá notar muitas coisas que estão fora do lugar.
Porém, o mais importante é sair da inércia, do estado letárgico que rouba a sensibilidade e o desejo por uma vida melhor.
Enfim... a simplicidade é um caminho que começa no coração de Deus e passa pelo seu - comece a busca!